Socialistas, Liberais e Verdes criticam "excesso de poder do Conselho" e liderança de Barroso
"É preciso uma mudança radical [na liderança do executivo comunitário], um presidente que tenha uma verdadeira visão e que lidere, que coloque medidas em cima da mesa e não que vai a Berlim e depois a Paris e que só depois toma as iniciativas, pobres e tardiamente. É preciso liderar, como no tempo de Jacques Delors", afirmou o candidato dos Liberais à presidência da Comissão Europeia.
Este candidato rejeitou em absoluto que o próximo presidente não seja um dos candidatos apresentados pelas famílias políticas europeias.
"Seria o fim da democracia europeia se se escolhesse alguém de fora, como num pequeno jogo, sou totalmente contra isso", acrescentou, durante um debate com Martin Schulz (Socialistas), Jean-Claude Juncker (Conservadores) e Ska Keller (Verdes), que se realizou em Maastricht, nos Países Baixos.
Também Schulz considerou que o poder do Conselho está a ir "além dos tratados" e, neste contexto, apelou "a uma maioria qualificada no Parlamento", para que o próximo presidente da Comissão possa tomar "medidas" e possa haver um reequilíbrio do poder".
O alemão referiu ainda que as próximas eleições europeias são "um novo passo" no projeto europeu e defendeu que "o próximo presidente não será resultado de uma negociação à porta fechada", mas do "voto democrático de centenas de milhões de pessoas".
Já Ska Keller, dos 'Verdes', apontou "o poder do Conselho como um problema no processo de decisão", algo que foi contestado por Juncker, e criticou "a falta de ambição" do atual executivo comunitário em temas como a emigração ou a política ambiental e energética.
Questionado por um dos entrevistadores sobre se o poder reside no Conselho ou na Comissão, o luxemburguês respondeu que "o real poder é dos cidadãos", o que motivou risos na assistência, maioritariamente jovem.
"Se não votarem, não pensem que podem impor as vossas ideias. Vivemos em democracia, visões diferentes são normais, o real poder tem de ser dado às pessoas e é preciso que todas se sintam incluídas. Quero lembrar que o Conselho Europeu é composto por primeiros-ministros de 28 países, todos os partidos que o criticam falam como se não tivessem nada a ver com ele", afirmou Jean-Claude Juncker.